domingo, 21 de outubro de 2012


Histeria coletiva da caça às bruxas


Embalados pelo frenesi da Inquisição, muitos países incluíram
 a bruxaria na lista de crimes contra o Estado. A caça às bruxas
 intensificou-se e fez vítimas como a alemã Walpurga Hausmanin
uma viúva idosa que ganhava a vida como curandeira no
 vilarejo de Dillingen, no sul do país. Em 1587, seus antigos
 clientes e amigos a acusaram de matar bebês e dizimar
 os animais da aldeia (uma simples fofoca mandava pessoas
 ao calabouço). Walpurga foi presa e levada ao tribunal. 
Isolada do mundo exterior, não tinha direito a nenhum
 tipo de defesa. Os juízes examinavam o corpo das vítimas em 
busca de “marcas do Diabo” – verrugas, sinais de nascença
 ou simples cicatrizes. Acorrentada e espancada, Walpurga 
confessou: seus poderes eram dádivas de Satanás. Marcada 
com ferro em brasa, foi queimada viva em praça pública. 
Por mais de 200 anos, houve muitas Walpurgas. Pessoas 
de todas as idades juravam ter visto sabás e muitos admitiam
 ter participado das orgias. O fanatismo religioso fazia a maioria
 da população acreditar que o Diabo estava à solta.
Será possível entender racionalmente essa maluquice? Há 
algumas explicações, nenhuma delas plenamente satisfatória.
 A mais tradicional vem da psicologia, que classifica a perseguição
 às bruxas como um período de histeria coletiva, doença caracterizada
 pela falta de controle sobre atos e emoções. Parece algo muito esquisito?
 Sim, mas pode rolar até nas sociedades mais liberais. Alguns estudiosos 
defendem que foi justamente isso o que aconteceu nos EUA da década 
de 1950, época da paranóia anticomunista – não por acaso, também 
chamada de “caça às bruxas”. “O medo dos comunistas era tão 
grande que qualquer intelectual virava suspeito de espionar para 
a União Soviética”, diz o historiador inglês Nigel Cawthorne em 
seu livro Witch Hunt (“Caça às Bruxas”, sem tradução no Brasil).
Mas o pânico social não justifica totalmente as descrições
 detalhadas de vôos noturnos, lobisomens e bailes satânicos.
 A loucura em massa talvez possa ser explicada pela própria
 massa – não a humana, mas a do pão. Parece louco, mas é 
simples: entre os séculos 15 e 17, o principal alimento da dieta 
européia era o pão feito à base de centeio. Em climas chuvosos 
e úmidos, como em boa parte da Europa, era comum que os 
depósitos de centeio fossem atacados por um fungo conhecido 
como Claviceps purpurea. O Claviceps é um velho conhecido 
dos viajandões: ele contém um alcalóide chamado ergotamina, 
que em 1943 foi usado em laboratórios americanos para
 produzir o LSD. Se essa explicação for correta, dá para 
concluir que grande parte das pessoas envolvidas no massacre 
às bruxas poderia estar literalmente delirando, em estado de
 transe, falando sozinha ou descrevendo visões psicodélicas.
 Ver assombrações demoníacas e outras cenas seria 
compatível com esse quadro alucinado de alteração química
creditos:tribosdanoite.blogspot.com.br

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